quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

13 de Dezembro, aniversário de Luiz Gonzaga!



13 de Dezembro, aniversário de Luiz Gonzaga

Apresentação: 

A Fundação de Cultura Cidade do Recife promove a comemoração dos 102 anos de Luiz Gonzaga, no dia 13 de dezembro, fazendo parte do calendário cultural do Recife. O Memorial Luiz Gonzaga e o Museu de Arte Popular do Recife – MAP, em uma ação conjunta, celebram o Rei do Baião e a cultura popular, através da exposição, lançamento de catálogo e livro, com e apresentações culturais, neste ano, focando o artesanato em barro e a obra musical gonzagueana.

Programação:

Horário Sábado – 13.12
12:00h Abertura da Exposição: Dos Bois aos Baiões
12:30h Distribuição do catálogo
15:00h Lançamento do livro catálogo: De Bacamarteiros, de festa, de devoção
15:00h Apresentação de grupo de bacamarteiros: 56º Batalhão de Riacho das Almas
15:30h Apresentação do Boi Misterioso (Limoeiro – PE)
16:00h Concentração do Cortejo de Sanfoneiros / Forrovioca
17:00h Saída do Cortejo

Exposição: Dos Bois aos Baiões

A exposição Dos Bois aos Baiões é uma parceria entre o Museu de Arte Popular do Recife – MAP e o Memorial Luiz Gonzaga, abordando temas de matrizes culturais nordestinas, aspectos da história, da antropologia e da sociologia, a partir do boi como um marco na colonização do Sertão, o primeiro grande signo na arte em barro e presente no cancioneiro popular.

Neste primeiro momento, aborda-se do Ciclo do Gado ao Ciclo do Cangaço, onde a coleção do Museu de Arte Popular faz a relação entre a música de Gonzaga e a arte figurativa em barro de escultores pernambucanos como Mestre Vitalino, Vitalino Filho, Zé Caboclo, Heleno Ezídio, Togui, José Antônio Vieira, entre outros, no que diz respeito aos temas e figuras cantadas e projetadas em ambas as áreas artísticas.

Os folguedos e festas, os tipos humanos e animais, que dão colorido ao repertório da arte popular e artesanato em barro são, simultaneamente, os mesmos que informam as canções do Sanfoneiro do Riacho da Brígida. Coronéis, vaqueiros, tropeiros, cangaceiros, coronéis, volante, santos e santas, padres, beatos, além de animais bovinos, equinos e tantos figurantes da tradição social e cultural.

Publicação de catálogo: consiste na pesquisa elaborada para o conteúdo da exposição, enriquecido com notas de especialistas nos temas abordados, ilustrações e informações técnicas.

Lançamento de livro: O lançamento do livro catálogo: De Bacamarteiros, de festa, de devoção é um projeto aprovado pelo FUNCULTURA, que publica pesquisa para mapeamento dos Batalhões de Bacamarteiros da Região Agreste do Estado de Pernambuco, tendo a coordenação de pesquisa do antropólogo George Michael Alves – UFPE.

Apresentação de Bacamarteiros: O projeto traz o grupo de bacamarteiros 56º Batalhão de Riacho das Almas, para se apresentar no Pátio de São Pedro, com coreografia, performances e tiros de bacamartes.

Apresentação de Boi Misterioso: O folguedo do boi-bumbá, conhecido em Pernambuco por Cavalo Marinho é um brinquedo das festas populares, que se apresenta no Ciclo Natalino, como uma das grandes atrações culturais. Nesta ação do aniversário de Luiz Gonzaga, a apresentação de um grupo de boi, com música e dança, homenageando Gonzaga, faz uma perfeita inserção temática, com a época e os temas de cultura popular, Luiz Gonzaga e Natal.

O Cortejo de Sanfoneiros: terá concentração no Pátio de São Pedro as 16h, com mestres da sanfona de oito baixos e do acordeom, que farão uma homenagem ao Rei do baião na Forrovioca, em seguida, a partir das 17h, sai o Cortejo do Pátio de São Pedro até o Cais do Sertão.

Mais informação:
Memorial Luiz Gonzaga
3355-3155

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Programação MLG - 12ª Semana Nacional de Museus (2014)

Memorial Luiz Gonzaga Apresenta programação na 12ª Semana Nacional de Museus.



Os ancestrais da Cantoria

Artigos de Braulio Tavares em sua coluna diária no "Jornal da Paraíba" (Campina Grande-PB).
(Severino Feitosa e Santino Luís. Detalhe de foto de Roberto Coura)

Luiz Gonzaga criou o baião adaptando a batida dos cantadores de viola, nos “baiões” (o termo já era usado pelos cantadores antes mesmo de Gonzaga) que eles executam ao acompanhar seus improvisos. É aquele “pondém-pondém” característico que abre as sessões de improviso, fazendo intróitos que geralmente duram alguns minutos, durante os quais, ao som das violas em plena atividade, o burburinho vai decrescendo, as conversas paralelas vão se extinguindo, o silêncio vai aos poucos se impondo na platéia, até que no recinto nada mais se ouve senão o rasqueio cadenciado e o dedilhar das violas, num ritmo hipnótico que ajuda a “baixar o santo” da inspiração e liga em toda potência as turbinas da poesia.

Em seu indispensável estudo A Música Popular no Romance Brasileiro (Editora 34, 3 volumes), José Ramos Tinhorão pesquisa como nossa literatura registrou manifestações musicais em diversas regiões do país. A literatura brasileira sempre teve um veio realista, naturalista, descritivo dos costumes. Isto nem sempre produz boa literatura, mas acaba resultando em preciosos documentos de época, em registros de comportamento, linguagem, cultura.

O que era o Brasil musical no século 19? Era, a julgar por numerosos exemplos de nossa literatura, um país onde fervilhavam folguedos onde se tocavam ritmos variados. Tinhorão cita numerosos testemunhos em que aparecem, como ritmos populares mais típicos, o lundu, o fado e o batuque. Ao mesmo tempo, nos salões mais chiques (de acordo com J. M. Velho da Silva, em Gabriela, 1875) dançava-se o “cotilhão” ao som da rabeca, além de outros ritmos: “O ril, o minuete afandangado, o minuete da corte, a gavota, o solo inglês, o lundu de ´mon roi´ e as valsas figuradas; faziam o subsídio e eram o repertório daquele opulento arquivo coreográfico.”

As festas brasileiras daquele tempo eram uma pororoca entre a cultura das salas, que se queria européia, e a cultura das ruas, que não tinha recurso senão ser mestiça e local. Era no meio desta última que brotava a figura do “cantor e tocador de viola”, que na época recebia o curioso nome (usado por numerosos autores) de “capadócio”, talvez devido à vida ociosa que levava. Assim o descreve J. M. Velho da Silva: “Tocava mais ou menos perfeitamente viola, guitarra e bandolim, era magistral no lundu, no fado, a que chamamos rasgado e nas cantigas correspondentes cantava ao desafio, improvisava e tinha agudezas de espírito e ditos repentinos e de tanto chiste e aplicação que faziam abismar”. Vê-se que o capadócio típico tocava diferentes instrumentos e dava-se a vários tipos de música. Os versos improvisados eram apenas uma faixa do seu repertório. O capadócio, ademais, é um personagem típico das cidades. Gabriela é uma “crônica dos tempos coloniais” ambientada no Rio de Janeiro. Não aborda o cantador nordestino, mas mostra que a vida urbana carioca teve ancestrais desses cantadores, que no entanto não formaram descendência.